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terça-feira, 21 de janeiro de 2014

A casa dos segredos ou dos degredos, como quiserem! É à vontade do freguês

Sou fã da Casa dos Segredos. Aliás, como a maioria das pessoas. A diferença é que eu não tenho qualquer problema em admiti-lo. Por isso, quando digo que cada vez tenho menos vontade de ver a Casa, faço-o não porque fica bem, mas porque tenho o direito de me queixar enquanto espectadora assídua do programa. A minha preferida, nesta quarta edição, era a Érica. Gostos à parte e números ignorados (se a teoria do Barney for verdade, a situação tem muito mais que se lhe diga), a miúda era genuína. Sem correctores ortográficos, livros de estilo ou manuais de instrução. Ela era como era porque, de facto, ela era assim. Não se fazia mais, nem menos. E, para mim, essa é a essência deste género de reality shows. Não me venham com a treta de estar a jogar e ser o melhor jogador, porque isso cheira-me a distracções. Bem, genuíno, genuíno era o primeiro Big Brother. O grande irmão! E, no fundo, cada uma daquelas personagens que durante dias, semanas e meses ocuparam a casa mais vigiada do país, reflectia um dos nossos irmãos, pais, primos, namorados ou amigos. O Zé Maria, vindo directamente de Barrancos para as luzes da ribalta em Lisboa. A Susana, ‘cabeça amarela’ que tinha tudo para ser apenas mais uma e que foi vice-finalista do programa porque conquistou o coração e a simpatia do amigo das galinhas. A Sónia que falava de sexo como se fosse um iogurte, numa altura em que sexo era tipo sushi para o povo português. O Marco que batia mal do capacete (não havia maneira que lhe assentasse melhor para ser expulso do programa que não um pontapé), mas que tinha uma piada natural. A Célia e o Telmo que eternizaram o ‘Gostastes? Gostei’. Isso, sim, era verdadeiro. Tudo o que veio a seguir, já veio mais ou menos com guião. Agora, assistimos a uma novela da vida real em que uma jogadora diz que mais importante do que o aspecto físico, é a sua personalidade (desculpas, bem sei, que ela está mais cheiinha e aquilo não pode ser só ginásio) e a apresentadora diz que a beleza é que conta. Assistimos a uma novela da vida real em que há expulsões por créditos a menos (créditos, o que é isso?) porque é conveniente às audiências. Assistimos a uma novela da vida real, que quando ‘morre’ uma personagem, espetam logo com outra lá dentro, que assim o programa dura mais tempo. Assistimos a uma novela da vida real, em que os concorrentes se conhecem todos da noite e vão para a casa resolver as quezílias que os dias de ressacas não permitem resolver cá fora. Assistimos a uma novela da vida real, que nem pode ser comparada a novela, porque apesar dos episódios seguintes ainda não terem sido filmados, já se consegue adivinhar o que vai acontecer no grande final. Pela lógica das coisas, continuam a ganhar os coitadinhos. E pela lógica das coisas, sai desta edição o Tiago vencedor. Que, coitadinho, já não vê as xuxas da outra há tanto tempo que o povo português deve estar cheio de pena dele.

P.S: Sobrevivi ao cabo das tormentas das 7 da matina. Valeu-me a Inês, que foi o meu segundo despertador. Venham mais dias assim!


Laura

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