Sou fã da Casa dos Segredos. Aliás, como a maioria das
pessoas. A diferença é que eu não tenho qualquer problema em admiti-lo. Por isso,
quando digo que cada vez tenho menos vontade de ver a Casa, faço-o não porque
fica bem, mas porque tenho o direito de me queixar enquanto espectadora assídua
do programa. A minha preferida, nesta quarta edição, era a Érica. Gostos à
parte e números ignorados (se a teoria do Barney for verdade, a situação tem
muito mais que se lhe diga), a miúda era genuína. Sem correctores ortográficos,
livros de estilo ou manuais de instrução. Ela era como era porque, de facto,
ela era assim. Não se fazia mais, nem menos. E, para mim, essa é a essência
deste género de reality shows. Não me venham com a treta de estar a jogar e ser
o melhor jogador, porque isso cheira-me a distracções. Bem, genuíno, genuíno
era o primeiro Big Brother. O grande irmão! E, no fundo, cada uma daquelas
personagens que durante dias, semanas e meses ocuparam a casa mais vigiada do
país, reflectia um dos nossos irmãos, pais, primos, namorados ou amigos. O Zé
Maria, vindo directamente de Barrancos para as luzes da ribalta em Lisboa. A
Susana, ‘cabeça amarela’ que tinha tudo para ser apenas mais uma e que foi
vice-finalista do programa porque conquistou o coração e a simpatia do amigo das galinhas. A
Sónia que falava de sexo como se fosse um iogurte, numa altura em que sexo era
tipo sushi para o povo português. O Marco que batia mal do capacete (não havia
maneira que lhe assentasse melhor para ser expulso do programa que não um
pontapé), mas que tinha uma piada natural. A Célia e o Telmo que eternizaram o
‘Gostastes? Gostei’. Isso, sim, era verdadeiro. Tudo o que veio a seguir, já
veio mais ou menos com guião. Agora, assistimos a uma novela da vida real em
que uma jogadora diz que mais importante do que o aspecto físico, é a sua
personalidade (desculpas, bem sei, que ela está mais cheiinha e aquilo não
pode ser só ginásio) e a apresentadora diz que a beleza é que conta. Assistimos
a uma novela da vida real em que há expulsões por créditos a menos (créditos, o
que é isso?) porque é conveniente às audiências. Assistimos a uma novela da
vida real, que quando ‘morre’ uma personagem, espetam logo com outra lá dentro,
que assim o programa dura mais tempo. Assistimos a uma novela da vida real, em
que os concorrentes se conhecem todos da noite e vão para a casa resolver as
quezílias que os dias de ressacas não permitem resolver cá fora. Assistimos a
uma novela da vida real, que nem pode ser comparada a novela, porque apesar dos
episódios seguintes ainda não terem sido filmados, já se consegue adivinhar o
que vai acontecer no grande final. Pela lógica das coisas, continuam a ganhar
os coitadinhos. E pela lógica das coisas, sai desta edição o Tiago vencedor.
Que, coitadinho, já não vê as xuxas da outra há tanto tempo que o povo
português deve estar cheio de pena dele.
P.S: Sobrevivi ao cabo das tormentas das 7 da matina. Valeu-me a Inês, que foi o meu segundo despertador. Venham mais dias assim!
Laura
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