Dou muito valor ao acto simbólico de encerrar ciclos. Fechar portas, rasgar recordações, deitar cá para fora. Acredito que só é possível avançar para uma próxima fase quando a anterior está bem resolvida. E isto é verdade para as coisas mais fundamentais da vida, seja no amor, na amizade ou no trabalho. Detesto palavras que ficam por dizer, lágrimas que ficam por chorar, memórias deixadas de propósito no fundo do baú. Há sempre uma altura em que precisamos de limpar a casa, levantar a âncora e seguir para outro porto que nos dê um novo abrigo. E é por isso que hoje me sinto tão aliviada por poder finalmente fechar mais uma etapa. Recordar com carinho o local que me acolheu durante tantos dias e onde cresci tanto, em vez de pensar nesse tempo com rancor. Agora que venham novos desafios, novas tempestades e novos portos de abrigo. Já percebi que a calmaria chega sempre, de uma forma ou de outra. Basta fechar o ciclo anterior e depois saltar para o próximo.
L.
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